A história das Correspondências Cruzadas, como acabou sendo conhecida, teve início em 1901, quando cinco mulheres diferentes, que não se conheciam, começaram a receber mensagens de espíritos de pessoas falecidas. As cinco empregaram a técnica conhecida como psicografia, estado de transe em que a entidade comunicadora assume o comando do médium e transmite mensagem por escrito.
A primeira mulher a ser contatada - por um espírito que se identificou como Myers - foi a sra. A. W. Verrall. Pouco mais tarde, Lenora Piper, dos EUA, também passou a receber mensagens de Myers. Sem saber o que estava acontecendo com aquelas duas mulheres, Alice Fleming, irmã do escritor inglês Rudyard Kipling, e sua filha, Helen, deram de receber comunicações similares do além, enquanto estavam na Índia. A essas quatro, logo se juntou outra inglesa, a sra. Willet. Contudo, o mais incrível aconteceu em 1903, quando Helen Holland (née Fleming) recebeu solicitação de Myers, pedindo a ela que entrasse em contato com uma de suas velhas amigas. A mão de Helen escreveu o nome dessa amiga: Sra. Verrall, 5 Selwyn Gardens, Cambridge.
A sra. Fleming encaminhou a mensagem psicografada à Sociedade Britânica de Pesquisas Psíquicas e, lentamente, os pedaços separados do quebra-cabeça começaram a ser juntados. Nos EUA, Lenora Piper foi testada por G. B. Dorr, que lhe perguntou o significado da palavra lethe "Myers", o espírito que guiara sua mão, respondeu com uma série de alegorias, como seria de esperar de pessoa que, em vida, tivesse se dedicado aos estudos clássicos. Idêntica interpelação foi feita à sra. Willet na Inglaterra, pelo renomado médium Oliver Lodge. Seu espírito do outro lado do Atlântico deu, essencialmente, igual resposta, bem como o nome da pessoa que lhe fizera a mesma pergunta nos EUA - Dorr.
Finalmente, a sra. Willet conseguiu se comunicar com as três pessoas "alvos" - Myers, Sidgwick e Gurney, três estudantes de assuntos clássicos. Por meio dela, o irmão do primeiro-ministro, lord Balfour, questionou Henry Sidgwick quanto à relação do corpo com a mente. Gurney, ou o espírito que dizia ser ele, falou sobre as origens da alma. A Myers foi perguntado como era se comunicar do além.
- Tenho a impressão de estar em pé por trás de uma lâmina de vidro congelada - respondeu ele -, que turva a visão e abafa o som, ditando com voz fraca para a secretária relutante e obtusa. Sensação de terrível impotência me arrasa.
Charles Berlitz
O livro dos Fenómenos Estranhos
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