Páginas

sábado, 29 de abril de 2017

Sonhos com Mortos

Muitas culturas desprovidas de tecnologias sofisticadas acreditam que podemos entrar em contato com os mortos durante nossos sonhos. Na realidade, alguns antropólogos sugerem que a crença na existência de vida após a morte tem raízes no fato de que sonhamos, muitas vezes, com amigos e parentes já falecidos. No entanto, novas pesquisas estão a indicar que alguns desses sonhos peculiares poderiam ser literalmente verdadeiros.
Vários casos que apontam nessa direção foram coletados por Helen Solen, de Portland, Oregon, que tem se mostrado particularmente interessada nas experiências oníricas de uma dona de casa, à qual ela dá o nome de Gwen. Os sonhos post-mortem de Gwen começaram em 1959, logo após a morte de sua mãe.
- Não me recordo bem se já sonhei com qualquer outra pessoa, viva ou morta - contou ela a Solen. - No entanto, fiquei muito abalada com a morte de minha mãe, que tinha apenas 49 anos. Muitas vezes, após seu falecimento, ela me procurava em sonho, especialmente quando eu estava perplexa, ou então perturbada.
Em pouco tempo, Gwen percebeu que podia pedir a ajuda da mãe em momentos de crise, e o fantasma respondia em seus sonhos. Certa noite, por exemplo, Gwen sonhou com uma sala cheia de caixões de defunto. A sugestão do estranho sonho era que o pai dela também estava prestes a morrer. Sua mãe apareceu-lhe nos sonhos naquela madrugada para confortá-la, e para explicar que ela ajudaria pessoalmente o velho a fazer a transição.
Dois dias mais tarde, o pai de Gwen teve de ser levado às pressas ao hospital, e os médicos avisaram que teriam de realizar delicada cirurgia no coração. Gwen deu permissão para que os médicos o operassem, porém o desenlace aconteceu dois dias depois.
A mãe de Gwen apareceu em sonho para dizer que naquela madrugada a crise finalmente chegaria ao fim. Gwen acordou logo depois e viu que eram 7 horas. Decorrido pouco tempo - precisamente às 7h10 -, recebeu um telefonema do hospital, avisando que seu pai falecera.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

O Golfinho Salva-Vidas

Um dia, no início de agosto de 1982, Nick Christides, de 11 anos, estava surfando nas ilhas Keeling, no oceano Índico, quando foi arrastado para alto-mar. Durante as quatro horas seguintes, ele vagou por águas infestadas de tubarões, enquanto embarcações e aviões o procuravam em vão.
Felizmente, Nick tinha um amigo: o golfinho que se aproximou dele logo no começo do drama, protegendo-o dos tubarões que o rodeavam. O golfinho permaneceu a seu lado, afastando os prováveis atacantes e certificando-se de que o menino não perderia as forças, acabando no fundo do mar. Por fim, Christides foi visto por um avião e acabou sendo resgatado. Seu pai declarou aos repórteres:
- O golfinho ficou com ele o tempo todo, nadando a seu lado ou movendo-se em círculos. Ele deve ter percebido que Nick estava com problemas e que ia sendo levado pelas correntes marinhas.

terça-feira, 25 de abril de 2017

A Ceia 17

Nos vinte anos entre 1860 e 1880, os EUA foram abalados por violentos conflitos trabalhistas. As condições de trabalho nas minas de carvão da Pennsylvania eram terríveis - um operário recebia, em média, 50 centavos de dólar por um longo e perigoso dia de labuta embaixo da terra - e os mineiros, a maioria imigrantes irlandeses, viviam em freqüente disputa com seus chefes, muitos dos quais descendentes de ingleses e galeses.
Para enfrentar os proprietários das minas, formou-se a sociedade secreta chamada Mollie Maguires. Essa sociedade organizou a primeira greve contra as companhias de mineração dos EUA. Mas a resistência dela foi mais além: seus integrantes incitaram tumultos e mataram cerca de 150 pessoas.
Os donos das minas contrataram os serviços da Agência de Detetives Pinkerton, que colocou o agente James McParlen disfarçado entre os membros da Mollie Maguires. Mais tarde, o testemunho de McParlen enviaria doze participantes da sociedade secreta para a forca. Em 1877, "Yellow Jack" Donohue foi condenado por haver matado um contra-mestre da Lehigh Coal and Navigation Company. Três outros homens foram sentenciados à forca pelo assassinato de outro supervisor de uma mina. Dois desses homens enfrentaram estoicamente a morte. Contudo, um deles - Alexander Campbell - jurou estar inocente.
Quando o arrastavam da cela número 17, no primeiro pavimento, Campbell esfregou a mão esquerda na poeira do chão e pressionou a palma contra a parede.
- Esta impressão palmar permanecerá aqui para sempre, como prova de minha inocência - gritou o condenado.
Campbell repetiu o juramento de inocência por várias vezes, enquanto ia sendo arrastado à força para o patíbulo, onde, após a abertura do alçapão, ele ainda demorou 14 minutos para morrer por enforcamento. Campbell se foi, porém sua impressão palmar ficou, exatamente como prometera.
Em 1930, quando Robert L. Bowman foi eleito xerife de Carbon County, prometeu retirar a impressão, que já estava sendo considerada como prova de um terrível erro judiciário na história do município. Em dezembro de 1931, uma equipe de trabalho entrou na cela de número 17 e retirou da parede o pedaço do reboco onde estava a impressão palmar, substituindo-o por um reboco novo.
Na manhã seguinte, o xerife entrou na cela e ficou horrorizado ao ver o leve contorno da mão, no reboco ainda úmido. A noite, a impressão palmar negra era perfeitamente visível.
Embora a cela agora seja mantida trancada, sendo aberta apenas para algum visitante ocasional, a impressão palmar continua lá até hoje.
Em 1978, um pintor de paredes entrou às escondidas na cela e tentou pintar aquele pedaço do reboco, mas a impressão reapareceu, minutos depois, na tinta fresca.

domingo, 23 de abril de 2017

Fogo e Fé

A Free Pentacostal Holiness Church é uma seita fundamentalista, com ramificações por toda a região sul dos EUA. Seus membros levam a Bíblia ao pé da letra, e acreditam piamente no livro sagrado quando ele afirma que os crentes podem desafiar serpentes, veneno e fogo. Assim, como parte dos serviços religiosos, a congregação se entrega a um verdadeiro frenesi, no auge do qual os participantes seguram cascavéis, tomam estrienina e colocam as mãos no fogo, sem qualquer desconforto ou efeito secundário.
Um estudo científico dessa seita foi realizado pelo psiquiatra Berthold Schwarz, de Nova Jersey, em 1959. Ele visitou o Tennessee várias vezes para observar as reuniões dos seguidores dessa religião, e testemunhou que os paroquianos seguravam lampiões de querosene nas mãos e nos pés, e não se queimavam.
- Em três ocasiões - relatou Schwarz -, três mulheres diferentes colocaram a chama do lampião no peito, para que as labaredas ficassem em contato íntimo com os vestidos de algodão, os pescoços desprotegidos, rostos e cabelos. Isso durou mais do que alguns segundos. Em determinado momento, certo membro da congregação pegou a brasa do tamanho de um ovo de galinha e a manteve nas palmas da mão por 65 segundos, enquanto caminhava entre os demais participantes.
Schwarz, por outro lado, não conseguiu tocar na brasa incandescente por mais de 1 segundo, e ficou com dolorosa bolha na mão.
O dr. Schwarz acredita que esses adoradores provavelmente entram em algum tipo de transe durante as reuniões. No entanto, persiste o enigma científico de saber que tipo de força poderia impedir que suas roupas pegassem fogo.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Mente Fotográfica

Ted Sérios era conhecido como "o homem da mente fotográfica" - não por causa de sua memória, mas devido à capacidade de imprimir imagens em filmes Polaroid pela pura concentração.
A maior parte do que sabemos do caso nos vem dos relatos do psiquiatra Jule Eisenbud, de Denver, Colorado, que trabalhou com Sérios nos anos 60. Sérios, ex-mensageiro de hotel em Chicago, morou na casa de Eisenbud durante a realização dos experimentos. Seu procedimento normal era olhar para a lente da câmara, freqüentemente através de um cilindro de papel preto, e dizer aos pesquisadores quando deviam apertar o disparador. Em geral, uma cena borrada aparecia na foto resultante.
Naturalmente, os céticos afirmaram que a coisa toda não passava de fraude, declarando que o estranho cilindro com o qual Sérios gostava de trabalhar continha uma lente oculta. No entanto, tais críticas não conseguiram explicar todos os detalhes do sucesso do ex-mensageiro.
Uma experiência um tanto intrigante foi imaginada pelo dr. Eisenbud, em 1965. Várias testemunhas reuniram-se em sua casa, e cada uma delas anotou determinada cena em um pedaço de papel. Sérios, que não foi informado das sugestões, simplesmente recebeu ordens de imprimir uma das cenas em filme Polaroid. Isso significava que parte da mente dele precisava receber, mediunicamente, as sugestões, escolher uma delas, e então imprimi-la no papel fotográfico.
Sérios começou sua parte da experiência tomando algumas cervejas, antes de começar a trabalhar, e olhando fixamente para a máquina fotográfica. A imagem que resultou parecia a foto de uma aranha em pose, fora de foco. E não combinava com nenhuma das sugestões dadas pelos convidados. A única que se aproximava era a que trazia escritas em um pedaço de papel as palavras "avião com escalonamento dos planos de vôo".
Dois anos mais tarde, quando o dr. Eisenbud lia um exemplar de The American Heritage of Flight, encontrou, para sua surpresa, uma série de fotos de aviões biplanos com a asa superior avançada - e a foto anterior de Sérios era idêntica a uma delas.

domingo, 16 de abril de 2017

Os Ruídos da Morte

Os habitantes das ilhas Samoa acreditam que, quando a morte se aproxima, pancadas secas paranormais são ouvidas na casa da vítima. Esse estranho fenômeno já foi chamado de ruídos da morte, e sua existência representa mais do que mero folclore.
Genevieve B. Miller, por exemplo, sempre ouviu esses estranhos ruídos, particularmente na infância. As pancadas ocorreram durante o verão de 1924 em Woronoco, Massachusetts, quando sua irmã, Stephanie, ficou acamada com uma doença misteriosa. Enquanto a menina permanecia na cama, ruídos estranhos, semelhantes a batidas feitas com os dedos, ecoavam pela casa. Eles soavam de três em três, sendo que o primeiro era mais longo do que os outros dois.
Certa vez, o pai da sra. Miller ficou tão irritado com os ruídos que arrancou todas as cortinas das janelas da casa, culpando-as por aquele barulho infernal. Contudo, essa demonstração de nervosismo de pouco adiantou para terminar com aquele sofrimento.
No dia 4 de outubro, já se sabia que Stephanie estava morrendo. Quando o médico chegou, ele também ouviu as pancadas estranhas.
- O que é isso? - perguntou, voltando-se para tentar descobrir a fonte do barulho. Quando se virou novamente para a pequena paciente, ela pronunciou suas últimas palavras e morreu.
As pancadas diminuíram a atividade após a morte de Stephanie, porém nunca chegaram a parar de todo. Elas voltaram, ocasionalmente, quando a família se mudou para uma casa nova. Então, em 1928, o irmão de Stephanie morreu afogado quando a superfície congelada de um rio, sobre a qual caminhava, quebrou-se. A partir dessa época, os ruídos da morte nunca mais foram ouvidos.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

O Detetive Paranormal

Ninguém está mais sujeito ao ceticismo da população em geral do que policiais que confiam em médiuns - especialmente quando eles trazem a público a notícia. Na manhã de domingo, 4 de agosto, Tommy Kennedy foi a um piquenique perto do lago Empire, em Nova York, e desapareceu. Em pouco tempo, todos foram chamados para ajudar nos trabalhos de busca do menino desaparecido de apenas 5 anos, desde turistas ocasionais, que visitavam o lago, até o xerife do município de Tioga. Ninguém encontrou qualquer vestígio do menino, e a mãe de Tommy foi ficando cada vez mais desesperada.
Por volta de 18 horas, quase cem pessoas estavam explorando a floresta da região. Finalmente, Richard Clark, um bombeiro que participava das buscas, sugeriu que chamassem Phillip Jordan, conhecido médium local que, por sinal, era seu inquilino. Ninguém deu ouvidos à idéia, exceto David Redsicker, o delegado-adjunto, que já vira o médium trabalhando.
Naquela noite, Jordan visitou o casal Clark em sua residência em Spenser, Nova York. Sem dizer-lhe nada, o bombeiro entregou ao médium a camiseta que o menino perdido usara. Após manuseá-la por vários minutos. Jordan pediu lápis e papel. Em seguida, começou a mapear o lago, com uns barcos embarcados e uma casa junto a uma rocha.
- É aqui que eles encontrarão o menino - explicou. - Posso vê-lo. Deitado sob a árvore, com a cabeça apoiada nos braços. Ele dorme profundamente.
Imediatamente, a informação foi transmitida ao escritório do xerife. No dia seguinte, Clark e Jordan foram ao lago Empire para continuar as buscas. A mãe de Tommy, naturalmente, estava presente e cooperava com a patrulha e, dessa vez, o médium examinou o par de tênis do menino. Sua segunda série de impressões combinou com a primeira. Assim, a patrulha dirigiu-se para a floresta, à procura da árvore e da casa descritas pelo médium.
Tommy foi encontrado em menos de uma hora, no local exato identificado pelo médium em seu mapa. O menino se desorientara no dia anterior e caminhara em direção errada, até ficar irremediavelmente perdido na floresta. Passara a noite chorando e acabara dormindo sob uma árvore.
Jordan recebeu um distintivo de delegado-adjunto honorário por sua ajuda no caso.
- O menino ficou deitado e dormindo embaixo daquela árvore durante a maior parte das 24 horas em que se perdeu - declarou o xerife Raymond Ayres. - Jordan simplesmente usou algum tipo de talento paranormal que nós não temos. Eu não hesitaria em chamá-lo novamente, se achasse que ele poderia ajudar.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

O Despertador Mediúnico

Uma pessoa pode acordar sozinha a qualquer hora da noite, bastando para isso dar a si mesma a sugestão adequada antes de adormecer. Durante os anos 60, um pesquisador na Cidade do Cabo, África do Sul, provou que era capaz de acordar, dando a si mesmo a sugestão mediúnica correta.
O sr. W. van Vuurde foi o paciente dessas experiências, realizadas em colaboração com o professor A. E. H. Bleksley, da Universidade de Witwatersrand. Van Vuurde descobrira que podia acordar exatamente no horário marcado em um relógio quebrado, mesmo quando não olhava quando manipulava os ponteiros, enquanto ajustava determinado horário. Quando ele explicou que possuía esse talento inusitado ao dr. Bleksley, o professor ficou entusiasmado com a possibilidade de poder testá-lo sob condições mais científicas.
Durante uma série de 284 noites não consecutivas, Van Vuurde registrou cuidadosamente todas as horas em que acordou durante a noite. Nesse ínterim, em outro lugar da cidade, o professor Bleksley ajustava a esmo um relógio em horário diferente, todas as noites, durante o período em que a experiência foi realizada. A tentativa era considerada bem-sucedida quando Van Vuurde acordava, em qualquer noite, a menos de 60 segundos do horário determinado. Como, normalmente, ele dormia oito horas, as chances de qualquer sucesso em uma noite eram de 160 contra 1.
Do total de 284 tentativas, Van Vuurde acordou no horário correto onze vezes. Pode não parecer grande coisa; porém, devido às baixas probabilidades, seu índice de sucesso resultou de uma chance de 250 mil contra 1.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Um Hotel em uma Outra Dimensão

Tudo começou de forma inocente, em outubro de 1979, quando dois casais de Dover, Inglaterra, partiram em férias com o objetivo de viajar através da França e da Espanha. A história terminou em uma viagem que os levou para outro mundo.
Geoff e Pauline Simpson, juntamente com os amigos Len e Cynthia Gisby, subiram a bordo de um navio, que os transportou pelo canal da Mancha até a costa da França. Ali, alugaram um carro e seguiram rumo ao norte. Por volta de 21h30 da primeira noite, 3 de outubro, sentiram-se cansados e procuraram um lugar para pernoitar. Saíram da estrada principal, quando viram um motel com aparência simpática.
No saguão, Len encontrou um homem vestido com um estranho uniforme cor de ameixa. Tal homem informou que não havia vagas, porém que existia outro pequeno motel mais ao sul. Len agradeceu-lhe a informação, e ele e os amigos seguiram na direção indicada.
Durante o percurso, estranharam a estrutura da estrada, estreita e pavimentada de pedras, e as construções antigas que circundavam o local. Viram também cartazes anunciando um circo.
- Era um circo muito antigo - recordou Pauline. - Foi por isso que ficamos tão interessados.
Finalmente, os viajantes encontraram uma grande construção com uma série de janelas iluminadas. Alguns homens conversavam à porta e, quando Cynthia falou com eles, foi informada de que o lugar era uma hospedaria, não um hotel. Continuaram pela estrada, até encontrar duas construções - a delegacia de polícia e um prédio antigo de dois pavimentos, com uma placa que dizia HOTEL. O interior do hotel era feito de madeira maciça; não havia toalhas nas mesas, nem evidência alguma de invenções modernas e convenientes, como telefones ou elevadores.
Os quartos não eram menos estranhos. As camas tinham cobertas pesadas e não havia travesseiros. As portas, sem fechaduras, eram trancadas com tramelas de madeira. O banheiro, que os casais teriam de usar em conjunto, era encantador, mas obsoleto.
Após o jantar, os casais retornaram a seus quartos e adormeceram. Foram despertados quando os raios do sol despontaram através das venezianas de madeira, sem vidro. Voltaram à sala de refeições e tomaram um café da manhã simples.
- Serviram-nos apenas um café preto e horrível - afirmou Geoff.
Enquanto estavam sentados e tomando o café, uma mulher usando vestido de noite de seda e trazendo um cãozinho nos braços, sentou-se em frente a eles.
- Foi estranho - lembrou Pauline. - Tivemos a impressão de que ela acabara de sair de um baile, mas eram apenas 7 horas da manhã.
Não consegui desviar meus olhos da tal mulher. Nessa altura, dois gendarmes entraram na sala. 
- Eles não se pareciam em nada com os gendarmes que víramos em outros lugares na França - declarou Geoff. - Os uniformes aparentavam ser mais antigos. Os uniformes eram azul-escuros, e os gendarmes portavam capas nos ombros. Seus chapéus eram grandes e pontiagudos.
A despeito das excentricidades, os casais terminaram o café e, quando foram para os quartos, os dois maridos, separadamente, tiraram fotos das respectivas mulheres junto às estranhas janelas daquele hotel.
Na saída, Len e Geoff conversaram com os gendarmes sobre a melhor maneira de voltar à auto-estrada para Avignon, e para a fronteira com a Espanha. Eles pareceram não entender o significado da palavra "auto-estrada", e os viajantes pensaram que talvez não tivessem pronunciado a palavra autoroute de forma adequada. As informações recebidas foram muito precárias, tanto assim que os quatro amigos acabaram saindo em uma velha estrada, alguns quilômetros fora do caminho desejado. Então, decidiram usar o mapa e encontrar um caminho mais direto, que os levasse à rodovia principal.
Colocadas as bagagens no carro, Len entrou novamente no hotel para pagar a conta, e ficou surpreso quando o gerente cobrou apenas 19 francos. Imaginando estar havendo algum mal-entendido, explicou que eles eram quatro, e que tinham feito uma refeição. O gerente limitou-se balançar afirmativamente a cabeça. Len mostrou a conta aos gendarmes que sorriram e indicaram que não havia nada de errado. Ele pagou em dinheiro e saiu dali, antes que o gerente mudasse de idéia. Ao retornarem, após duas semanas na Espanha, os casais decidiram parar no hotel outra vez. Haviam se divertido bastante ali e os preços, certamente, eram tentadores. A noite estava chuvosa e fria, e a visibilidade péssima, porém os quatro acharam o trevo e viram o cartaz do circo.
- Esta, sem dúvida, é a estrada certa - murmurou Pauline.
E era. Só que não havia nenhum hotel nas redondezas. Imaginando que, de alguma forma, pudessem ter passado por ele sem avistá-lo, os quatro voltaram ao motel, onde o homem de roupa cor de ameixa lhes dera a indicação. O motel estava ali, mas não havia nenhum homem com uniforme diferente, e o funcionário negou que tal indivíduo trabalhasse lá.
Os casais percorreram por três vezes a estrada, seguindo para cima e para baixo, à procura de alguma coisa que, eles agora começavam a perceber, já não mais existia. O hotel desaparecera, sem deixar vestígios. Seguiram em direção ao norte, e passaram a noite em um hotel em Lyon. Quartos com instalações modernas, café da manhã e jantar custaram-lhes 247 francos.
Retornando a Dover, Geoff e Len mandaram revelar os respectivos filmes. Em ambos os rolos, as fotos do hotel (uma feita por Geoff, duas por Len) estavam no meio. No entanto, quando receberam as fotos, faltavam aquelas que haviam sido feitas dentro do hotel. Não havia nenhum negativo estragado. Todo o filme estava completo, com o total de fotos batidas. Era como se as fotos do hotel jamais tivessem sido tiradas - exceto por um pequeno detalhe que um repórter da televisão de Yorkshire percebeu:
- Havia clara evidência de que a câmara tentara avançar um quadro na metade do filme. As perfurações laterais dos negativos estavam danificadas.
Os casais mantiveram silêncio sobre a experiência por três anos, contando-a apenas a amigos e familiares. Um amigo encontrou um livro onde se afirmava que os gendarmes usavam os uniformes citados antes de 1905. Finalmente, um repórter do jornal de Dover ouviu o relato e publicou uma matéria. Posteriormente, foi produzida uma dramatização pela emissora de televisão local.
Em 1985, Albert Keller, psiquiatra de Manchester, hipnotizou Geoff para ver se podia fazê-lo recordar de mais algum detalhe a respeito daquele evento tão peculiar. Sob hipnose, ele não acrescentou nada de novo ao que podia lembrar conscientemente.
Jenny Randles, escritora inglesa que investigou tão estranho episódio, fez o seguinte comentário:
- O que será que realmente aconteceu aos quatro viajantes naquela região campestre da França? Terá sido uma viagem no tempo? Nesse caso, por que então o gerente do hotel, aparentemente, não se mostrou surpreso com o veículo e com as roupas futuristas dos casais? E mais: por que aceitou o pagamento em notas de 1979, que, certamente, são coisas que causariam espécie em alguém que vivesse em algum lugar no passado?
Os viajantes - talvez viajantes do tempo - não têm nenhuma explicação.
- Só sabemos que aconteceu - concluiu Geoff.

sábado, 8 de abril de 2017

O Demônio de Dover

Durante mais de 25 horas, em abril de 1977, um estranho ser de outro mundo fez-se presente no rico bairro de Dover, em Boston.
O demônio de Dover apareceu pela primeira vez às 22h30 do dia 21 de abril, quando três adolescentes de 17 anos passeavam de carro em direção ao norte, pela Farm Street. Bill Bartlett, o motorista, pensou ter visto algo se esgueirando por um muro baixo de pedras soltas, à esquerda. Então, os faróis iluminaram alguma coisa que ele jamais imaginara existir, nem mesmo nos pesadelos mais terríveis.
A criatura virou lentamente a cabeça e olhou para a luz, revelando dois olhos imensos, sem pálpebras, que brilhavam "como duas bolas de gude cor de laranja", e um rosto inexpressivo, sem nariz aparente. O bicho tinha a cabeça em forma de melancia, cujo tamanho era quase igual ao resto do corpo, fino e comprido. A pele, sem pêlos, tinha a consistência aparente de "lixa molhada". Com cerca de 1,20 metro de altura, o estranho ser caminhava incertamente ao longo do muro, passando os longos dedos pelas pedras, enquanto se movia.
Aquela visão deixou Bartlett emudecido e, poucos segundos depois, quando conseguiu falar, os faróis do carro já haviam passado pela criatura. Seus dois companheiros, distraídos, não perceberam nada.
Decorrido pouco tempo, John Baxter, de 15 anos, voltava para casa pela Millers High Road, após ter deixado a namorada em casa, à meia-noite. Um quilômetro mais à frente, viu uma figura de baixa estatura que se aproximava. Imaginando que fosse o amigo que morava naquela rua, Baxter chamou-o, mas não obteve resposta.
Os dois continuaram a se aproximar, até que a pequena figura parou. Baxter também parou e perguntou:
- Quem está aí?
Com o céu encoberto, Baxter via apenas a forma indistinta. Quando deu um passo à frente, o vulto afastou-se para o lado, correu para o bueiro raso e desapareceu.
Perplexo, Baxter seguiu o estranho até chegar ao bueiro. Olhou para o outro lado e, 10 metros mais adiante, viu alguma coisa com corpo simiesco, cabeça semelhante a uma melancia "acinturada" e olhos brilhantes. Seus dedos compridos estavam entrelaçados na árvore. Apavorado, Baxter decidiu fugir dali.
A pessoa seguinte a ver o demônio de Dover foi Will Taintor, de 18 anos, amigo de Bill Bartlett. Ele soube da existência da criatura por intermédio de Bartlett. Mesmo assim, ficou chocado quando, junto com a amiga Abby Brabham, de 15 anos, viu a coisa na Springdale Avenue. A descrição dos dois combinou com a de Bartlett, exceto com relação aos brilhantes olhos cor de laranja. Eles juraram que eram verdes.
Ao interrogar as testemunhas, os investigadores ficaram impressionados com a consistência das declarações. O chefe de polícia, o diretor do ginásio, os professores e pais dos jovens confirmaram que os rapazes e as moças eram honestos e confiáveis. Walter Webb, um dos investigadores, anotou na conclusão dos estudos sobre o caso:
- Nenhum dos quatro jovens estava drogado ou bêbado, no momento em que viram a criatura. Os envolvidos não fizeram nenhuma tentativa de ir aos jornais ou à polícia para fazer declarações. Em vez disso, as visões foram sendo divulgadas gradativamente. Quanto à idéia de que as testemunhas pudessem ter sido vítimas da brincadeira de alguém, isso parece pouco provável, principalmente devido à virtual impossibilidade de se criar um "demônio" animado e com vida do tipo descrito.
O que era o demônio de Dover? Alguns chegaram a sugerir a presença de um extraterrestre. Outros, que pode ter sido o totem dos índios cree, habitantes da região leste do Canadá, que o chamam de Mannegishi. Seres de baixa estatura, com cabeça redonda, sem nariz, pernas longas e araneiformes, e mãos de seis dedos, que, segundo a lenda dos Mannegishi, habitam entre rochas, nas corredeiras dos rios.