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domingo, 23 de fevereiro de 2025

Passeio Público em Lisboa


 

Antiga Cadeia do Aljube

O edifício atual, onde esteve instalada a cadeia do Aljube, data do séc. XVIII. Após o terramoto de 1755, o plano pombalino de reconstrução da cidade implicou o alargamento para norte da antiga Rua Direita da Porta Travessa da Sé, obrigando à reedificação da Cadeia do Aljube, a qual exibe um escudo, ou seja, o brasão dos Castros, que sobrepuja a porta principal.

Segundo o investigador da História de Lisboa, Gomes de Brito, este brasão marca a reconstrução do edifício, no todo ou em parte, por iniciativa do Bispo do Porto, D. José de Castro, que o mandou ali colocar, à data do plano da nova cidade de Pombal.

No entanto, Luis Pastor de Macedo, no seu livro Lisboa de Lés a Lés, avança a possibilidade de que, durante o domínio árabe, teria existido uma cadeia em Lisboa, denominada "Aljobbe" ou "Alchub", instalada no edifício do Aljube ou em qualquer outro que antes deste tivesse sido edificado naquele local. Para este autor, e com base na investigação do já mencionado Gomes de Brito, parece credível aceitar-se a hipótese de que este cárcere do Aljube possa remontar aos primeiros tempos da Lisboa cristã, como local de punição para crimes do foro eclesiástico.

Por sua vez, em 1526, as Constituições do Arcebispado de Lisboa, publicadas em 1588, permitem verificar a existência do Aljube como tal, ao estabelecerem que as penas de prisão em matéria eclesiástica fossem cumpridas na referida cadeia. Em 1845, o Aljube foi destinado a prisão de mulheres, até à sua transferência para o Convento das Mónicas, tendo funcionado como cárcere de presos políticos, durante grande parte do período do Estado Novo. Em 1930, procurando modificar o aspeto das prisões, foram executadas obras de beneficiação no Aljube. Por fim, na década de 80, o Aljube foi reconvertido para a instalação do Instituto de Reinserção Social.




Animatógrafo do Rossio

Inserido no piso térreo de um austero edifício do final de Setecentos, abriu ao público em 8 de Dezembro de 1907.O Animatógrafo possui uma das raríssimas fachadas de cinema concebidas em Arte Nova, riscada por autor anónimo. Apresenta três vãos destinados à bilheteira (ao centro) e duas entradas (portas laterais),todos com bandeira em vidro, onde na central, da bilheteira, pode ler-se a designação do estabelecimento, Animatógrafo do Rossio. Emoldurando os três vãos existe uma rica decoração vegetalista em talha pintada de cor verde, bastante volumosa e sinuosa, à semelhança de caules de plantas. Dois painéis de azulejos polícromos de Q. Queriol, subordinados ao tema da luz elétrica, representando duas figuras femininas que seguram candeeiros, simbolizando a iluminação do mundo, com formas ondulantes, tons suaves e esbatidos, também eles com molduras entalhadas, separam os vãos, enquanto que dois espaços destinados aos cartazes cinematográficos surgem a ladear as portas. Começou por ser o salão de cinema mais luxuoso da capital, apresentou, também, espetáculos de variedades e peças de teatro infantil, até que, a partir de 1994,passou a exibir espetáculos eróticos (peep show).O edifício onde o Animatógrafo está instalado surge inserido na Lisboa Pombalina, que está classificada como Conjunto de Interesse Público.



Alfândega de Lisboa

Imponente edifício público pombalino, construído entre 1765-68 para Celeiro Público, com cais privado, já desaparecido. Este imóvel desenvolve-se em forma de uma gigantesca cruz. Apesar de ter sofrido obras posteriores que, de certa forma, alteraram a percepção do conjunto, os princípios da funcionalidade e regularidade pombalinas estão aqui presentes num grau muito elevado. De destacar a fachada sul, de grande solidez para suportar a pressão da carga e descarga das toneladas de cereais que aí eram deixadas pelos barcos que desciam o estuário.






Jardim Guerra Junqueiro (Jardim da Estrela)

 


O Jardim Guerra Junqueiro, conhecido por Jardim da Estrela, foi construído no séc. XIX (1842), por iniciativa do estadista Bernardo da Costa Cabral, Marquês de Tomar.

Jardim naturalista de conceção romântica, inspirado nas linhas do “parque à inglesa” e cercado por um gradeamento. Possui vegetação frondosa e com grande interesse, quer pela quantidade, quer pela diversidade.





Jardim Guerra Junqueiro (Jardim da Estrela) - Biblioteca-Quiosque do Jardim da Estrela

A primeira Biblioteca pública “ao ar livre”, surgiu no Jardim da Estrela, durante a I República, em 1922. Teve como principal mentor Alexandre Ferreira dirigente, à época, do Pelouro Municipal de Instrução e Assistência e Paladino da democratização da educação. Mais tarde, a ideia foi adotada e expandida pelo município e a instalação de bibliotecas ao  ar livre passou a fazer parte do seu programa educativo-cultural.

Estas bibliotecas proporcionaram a criação de hábitos de leitura em espaço público, contributo relevante para o acesso ao conhecimento e à informação, para novas práticas de sociabilidade e de emancipação social, nomeadamente em relação às mulheres, nessa época muito confinadas ao espaço privado. A atual Biblioteca-Quiosque do Jardim da Estrela é a derradeira “representante” de uma “geração” de bibliotecas de jardim que, durante décadas do século passado e em circunstâncias históricas particularmente difíceis, desempenharam um papel relevante no acesso. popular à leitura e à informação.  

Atualmente este equipamento é gerido pela Junta de Freguesia da Estrela, responsável pelo seu funcionamento, conservação e solução, que pretende usar todas as suas potencialidades, para transformar esta biblioteca numa infraestrutura de acolhimento e referência para todos os visitantes e num pó lo de animação cultural do jardim.



Jardim Guerra Junqueiro (Jardim da Estrela) - Parque Infantil do Jardim Guerra Junqueiro (Jardim da Estrela)

 




Jardim Guerra Junqueiro (Jardim da Estrela) - Escultura - Guardadora de Patos

Obra de Costa Mota (sob.), a escultura "Guardadora de Patos" ou "Filha de Rei Guardando Patos", possivelmente data de 1917, foi executada em tamanho natural e com recurso a pedra lioz, sendo colocada num dos lagos do Jardim da Estrela.

Como escultura decorativa evidencia a influência dos movimentos parisienses Arte Nova nos seus elementos vegetalistas e curvilíneos. Na conceção desta peça o escultor baseou-se no conto de fadas que Eugénio de Castro adaptou para a poesia, representando o retrato da sua filha Emília, em todo o seu movimento e naturalismo.



segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Jardim Guerra Junqueiro (Jardim da Estrela) - Escultura de Antero de Quental

Antero de Quental nasceu no ano de 1842, em Ponta Delgada, no seio de uma família fidalga.

Pensador e poeta realista, participou das Conferências Democráticas do Casino, que vieram revolucionar as artes portuguesas, impondo o realismo, foi amigo e colaborador de José Fontana e, após o Ultimatum Inglês presidiu à Liga Patriótica do Norte, que teve uma curta duração. De regresso aos Açores e muito desiludido acabou por suicidar-se em 1981.

A estátua de mármore erguida em sua homenagem traduz uma linguagem moderna e um tratamento simplificado das formas, apesar do barroquismo patente na sua imponência e no movimento dos panejamentos. Esculpida entre 1946 e 1948, pelo escultor Barata Feyo, foi inaugurada, em 1951.



Jardim Guerra Junqueiro (Jardim da Estrela) - Casa do Jardim da Estrela – Um Teatro em cada Bairro

A 24 de setembro de 2023, a Casa do Jardim da Estrela abre as suas portas, com a missão de promover o acesso à cultura, à educação ambiental, ao conhecimento e à formação para a sustentabilidade. Uma aposta do Município de Lisboa nas áreas da Cultura e do Ambiente, integrada na rede Um Teatro em Cada Bairro.

O icónico chalé branco do Jardim da Estrela, inaugurado em 1882 como a primeira creche em Portugal e modelo exemplar de visão educativa pelo contacto com a natureza, é devolvido ao público depois de obras profundas de requalificação.

Esta casa cultural aberta à cidade, aos artistas e aos lisboetas, oferece um serviço de biblioteca que disponibiliza um conjunto de publicações especializadas nestas matérias, e um núcleo de investigação dedicado aos jardins históricos, e uma programação variada e inclusiva, disponibilizada de forma gratuita: oficinas, espetáculos, concertos, exposições, lançamentos de livros, ações de formação e acolhimentos.

Partindo de um conjunto de ideias que foram lançadas e debatidas com as comunidades locais, a Casa do Jardim da Estrela – Um Teatro em Cada Bairro, aposta numa oferta cultural mensal diversificada que contribua, ativamente, para a criação de uma rede de proximidade, de partilha de conhecimento, para a sensibilização ambiental e literacia climática.

Este projeto é uma parceria entre os pelouros da Cultura e do Ambiente, Estrutura Verde, Clima e Energia da Câmara Municipal de Lisboa que, em conjunto, pretendem tornar este espaço uma referência na cidade de Lisboa.







Jardim Guerra Junqueiro (Jardim da Estrela) - Alegoria (escultura em lago com cão)


Jardim Guerra Junqueiro (Jardim da Estrela)

38° 42' 51.53'' N | 9° 9' 36.31'' W 

Alegoria que traduz uma estátua-fonte em pedra, colocada junto de um lago do Jardim da Estrela, representando uma figura masculina, à semelhança de um deus, que segura um cão, de cuja boca sai água em jorros para dentro do lago.

De origem desconhecida, evidenciando um tratamento académico, poderá corresponder a uma de duas estátuas que representam os rios e que foram cedidas à Câmara, em 1876, pela Real Academia de Belas Artes.

Escultor - Real Academia de Belas Artes. Data - 1876. Material - Pedra. Estilo - Alegorias.



Monumento a D.Pedro IV


 

Alcântara Rio Condomínio - Reconversão de quarteirão da Antiga Fábrica da União

Ruas João de Oliveira Miguens, Fradesso da Silveira e Fontainhas

38° 42' 19.75'' N | 9° 10' 31.20'' W 

Menção Honrosa do Prémio Valmor de 2003 por maioria para o projeto (espaço) “Alcântara-Rio / Reconversão de um quarteirão da antiga Fábrica da União”, situado em Alcântara, da autoria do arq. Frederico Valsassina, sendo promotor a Alcântara Rio-Empreendimentos Imobiliários S.A.. 

A intervenção é um bom exemplo de conciliação entre a vertente imobiliária e o respeito pelos valores da cidade, pelas memórias do local e ao mesmo tempo com forte referência da arquitetura atual, sem esquecer que um dos fatores de competitividade entre as cidades reside na melhor oferta da qualidade arquitetónica do edificado, bem como do espaço público que a envolve. 

Jardim do Alto de Santa Catarina (Jardim do Adamastor)

 Rua de Santa Catarina

38° 42' 34.36'' N | 9° 8' 51.48'' W

Construído em 1883, tem uma imponente escultura do Adamastor, figura criada por Luís de Camões para representar as dificuldades, medos e mistérios que constituíram a passagem do Cabo da Boa Esperança.

A autoria desta escultura é de Júlio Vaz Júnior.

Dispõe de uma vista panorâmica sobre o rio e a outra margem.




Jardim do Alto de Santa Catarina (Jardim do Adamastor) - Adamastor (Estátua)

Rua de Santa Catarina

38° 42' 34.42'' N | 9° 8' 51.35'' W

Trata-se de uma alegoria ao Adamastor, figura monstruosa imaginada por Camões e descrita em Os Lusíadas, símbolo do Cabo das Tormentas, que vociferava ameaças aos navegadores que por ali passassem.

Imagem de forte dramatismo patente numa cabeça de velho disforme, com fortes braços e olhar assustador, esculpida em mármore azulino como se fosse modelada pela erosão do mar.

Nesta representação escultórica, da autoria de Júlio Vaz Júnior, o autor imprimiu um sentido subjetivo, que se lê no subtítulo do trabalho "A Visão do Estatuário", na medida em que, ao colocar à sombra do gigante uma pequena representação em bronze de um homem (o próprio escultor), procurou expressar a fragilidade da vida humana.

Foi erigida por iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa e inaugurada a 10 de Junho de 1927, no Jardim do Alto de Santa Catarina.

Jardim do Alto de Santa Catarina (Jardim do Adamastor) - Miradouro de Santa Catarina

 Rua de Santa Catarina

38° 42' 34.32'' N | 9° 8' 51.63'' W 

A partir deste miradouro podemos observar o Tejo, os telhados da freguesia de São Paulo e para ocidente os bairros da Lapa e da Madragoa, noutra época local de pescadores e varinas.

Trata-se de um espaço com vegetação escassa, dominado pela enorme estátua do Adamastor, figura monstruosa imaginada por Camões e descrita em "Os Lusíadas", símbolo do Cabo das Tormentas, posteriormente designado por D. João II de Portugal de Cabo da Boa Esperança, que vociferava ameaças aos navegadores que por ali passassem.

Conhecer Lisboa - Monumento "Ad Ephemeram Gloriam"

Alameda Dom Afonso Henriques

38° 44' 13.04'' N | 9° 8' 9.98'' W

Obra de SAM (Samuel Azavey Torres de Carvalho), esta Cadeira-Trono também designada por A Cadeira do Poder é um projeto de 1980.

Foi inaugurada pela Câmara Municipal de Lisboa em 11 de janeiro de 1990, no topo da Alameda D. Afonso Henriques, lado oeste, em frente ao Instituto Superior Técnico.

Trata-se de um monumento estruturado geometricamente, com grande equilíbrio plástico e harmonia visual, composto por uma base em pedra lioz, talhada por um conjunto de seis degraus numa das extremidades, encimada por uma cadeira-trono, com 3,30 m de altura, em chapa de ferro metalizado a bronze, e um assento desenhado na diagonal, constituindo um plano inclinado deslizante, que lhe confere originalidade.

A tendência abstratizante desta peça, evidenciando a geometrização e simplificação das linhas dá lugar a uma cadeira esteticamente moderna, à qual foi retirado, propositadamente, o seu sentido funcional. A face lateral do monumento exibe uma placa metálica gravada com um texto do prórpio artista, enquanto que na sua face frontal encontramos uma legenda gravada na pedra: Ad Ephemeram Gloriam - A todos os que passam e ousam deter-se.